Um dos últimos números de 2007 da revista Lusotopie, projecto editorial trilingue de investigação sobre espaços contemporâneos provenientes da história e da colonização portuguesa numa perspectiva internacional e comparada, dedica um dossier ao tema "Islão nas lusofonias", organizado por Nina Clara Tiesler, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS/UL) e coordenadora da Rede Internacional de Investigação sobre Muçulmanos em Espaços Lusófonos (MEL-net). E no âmbito do Colóquio Internacional "Muçulmanos em Portugal. Experiências Societais e Transnacionais", Novembro de 2007, realizou-se em Lisboa uma sessão de apresentação deste dossier especial da revista, que reuniu os autores numa mesa redonda em torno de perspectivas históricas e realidades actuais do Islão em espaços lusófonos.
Post'o aqui alguns resumos dos artigos disponibilizados em Nina Clara Tiesler (org.), "Dossier Islam en lusophonies – Islão nas lusofonias – Islam in Portuguese-speaking Areas", in Lusotopie, Vol. 14, 2007.
O Islão em espaços lusófonos. Relatos históricos, condições (pós)coloniais e debates actuais
Nina Clara Tiesler
"Os muçulmanos são cidadãos e membros activos da sociedade em quase todas as áreas lusófonas. Entre os PALOPs, Guiné-Bissau e Moçambique têm populações muçulmanas de longa data, enquanto Angola, por exemplo, recebe só recentemente imigrantes de países maioritariamente islâmicos. A presença islâmica em Portugal remonta a Gharb al-Ândalus, no entanto as comunidades muçulmanas contemporâneas devem ser compreendidas como um fenómeno pós-colonial. Brasil, Timor-Leste e Macau também têm experiências históricas particulares e contam com uma comunidade muçulmana cujas características diferem significativamente.
Todos os casos diferem, mas os muçulmanos nos espaços lusófonos compartilham algumas similaridades na comparação de pontos sócio-culturais. Em cada caso, os muçulmanos são vistos como representantes de uma minoria religiosa (excepto Guiné-Bissau); e em muitos casos os muçulmanos representam origens étnicas que diferem da sociedade dominante. Ademais, a migração internacional que reconfigura diversos campos lusófonos, conduz frequentemente à crescente diversificação. Novas ligações transnacionais emergiram entre muçulmanos, na base de experiências comuns em actuais contextos sócio-historicos nacionais ou locais, da etnicidade ou no idioma dominante - que maioritariamente, é o português."
"Os muçulmanos são cidadãos e membros activos da sociedade em quase todas as áreas lusófonas. Entre os PALOPs, Guiné-Bissau e Moçambique têm populações muçulmanas de longa data, enquanto Angola, por exemplo, recebe só recentemente imigrantes de países maioritariamente islâmicos. A presença islâmica em Portugal remonta a Gharb al-Ândalus, no entanto as comunidades muçulmanas contemporâneas devem ser compreendidas como um fenómeno pós-colonial. Brasil, Timor-Leste e Macau também têm experiências históricas particulares e contam com uma comunidade muçulmana cujas características diferem significativamente.
Todos os casos diferem, mas os muçulmanos nos espaços lusófonos compartilham algumas similaridades na comparação de pontos sócio-culturais. Em cada caso, os muçulmanos são vistos como representantes de uma minoria religiosa (excepto Guiné-Bissau); e em muitos casos os muçulmanos representam origens étnicas que diferem da sociedade dominante. Ademais, a migração internacional que reconfigura diversos campos lusófonos, conduz frequentemente à crescente diversificação. Novas ligações transnacionais emergiram entre muçulmanos, na base de experiências comuns em actuais contextos sócio-historicos nacionais ou locais, da etnicidade ou no idioma dominante - que maioritariamente, é o português."