quinta-feira, 12 de junho de 2008

2ª edição do Portugal Islâmico e o Mediterrâneo

Na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve já estão abertas as candidaturas ao Mestrado em Portugal Islâmico e o Mediterrâneo, nas condições a seguir especificadas:
1. Prazos de candidatura: 2 de Julho a 12 de Setembro de 2008;
2. Período de selecção: 15 de Setembro a 26 de Setembro de 2008
3. Prazos de matrícula e inscrição dos alunos efectivos: 6 a 10 de Outubro de 2008;
4. Prazo de matrícula de alunos suplentes que passem a efectivos: 13 a 17 de Outubro de 2008;
5. Taxa de candidatura: 50 € (paga no acto de entrega da candidatura);
6. Taxa de matrícula (obrigatória e universal): 150 €;
7. Propina de inscrição: 2550 €
8. Forma de pagamento da propina: 850 € no acto de inscrição de cada semestre lectivo (3 semestres lectivos);
9. Número de vagas normais: 25 (vinte e cinco);
10. Número mínimo de alunos para funcionamento do curso: 15 (quinze);
11. Início das aulas: 15 de Outubro de 2008.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Islão nas lusofonias (3)

Um relato do século XIX acerca dos muçulmanos no Brasil. Descrição, práticas e impressões
Paulo Daniel Farah

"Na segunda metade do século xix, um imã iraquiano viajou ao Brasil em um navio do Império Otomano cuja rota se alterou devido a tempestades. Abdurrahman al-Baghdádi permaneceu no país de dois anos e meio a três anos, a partir de junho de 1866, com o intuito de « aprimorar » as práticas religiosas dos muçulmanos de origem africana que encontrou no Rio de Janeiro, na Bahia e em Pernambuco. No relato que escreveu sobre a experiência, al-Baghdádi descreve como os muçulmanos que viviam no Brasil rezavam, como celebravam o Ramadã, reuniam-se e recitavam o Alcorão. Durante suas aulas, dedicou-se a lhes explicar minuciosamente os pilares (arkán) do Islã e a forma que acreditava própria à implementação deles."

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Islão nas lusofonias (2)

Emissários, princesas, marinheiros e cativos. A presença muçulmana em Portugal nos séculos XVIII e XIX
Eva-Maria Kemnitz

"Prevalece uma opinião que não havia muçulmanos em Portugal após o decreto de expulsão de 1496. Contudo, estudando as relações comerciais e diplomáticas Portugal - África do Norte nos séculos xviiiexix, emergiu uma imagem completamente oposta que revela categorias diferenciadas de muçulmanos. Posto à parte o grupo mais numeroso constituído de prisioneiros, resultante da guerra, o universo muçulmano compreendia também emissários, princesas e marinheiros. A sua presença derivava do quadro legal específico criado na esteira dos tratados bilaterais concluída primeiro com Marrocos e, mais tarde, com outros Estados berberescos. Durante o período do Antigo Regime a presença muçulmana em Portugal tinha sido uma excepção, permitida apenas em certos casos específicos. A situação sofre uma mudança completa com o estabelecimento do regime liberal de 1834 que proclama que nenhuma restrição era aplicável às pessoas que professam outras religiões."

terça-feira, 20 de maio de 2008

Os Segredos Do Corão

Hoje, 22:00 horas - Decifrando A História: Os Segredos Do Corão, Episódio 1, no canal História da TV. Segundo a programação "O Corão é um dos livros sagrados que mais influência exerceu ao longo da história. Os muçulmanos acreditam que o Corão é a guia de Deus, o livro de consulta para ajudar os crentes a seguir o caminho correcto. No entanto, grande parte do mundo não-muçulmano vê o Corão como um texto envolvido em mistério… e controvérsia. Tentaremos desmistificar e explicar de onde procede, o que diz e o que significa. Como qualquer escrito sagrado, o Corão não se pode separar do seu contexto histórico. Examinaremos a origem dos seus versos, as implicações que tem na época actual, assim como as semelhanças e diferenças entre o Corão e a Bíblia, já que muitos muçulmanos crêem que o Corão corrige algumas das escrituras judia e cristãs".

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Euro-Mediterranean Summer School 2008

Dear Sir/Madam

I want to inform you that the deadline to apply for courses (for term A and B) will soon run out. But since we have still free places in all courses we extended the deadline for TERM A and B: on May, 15-to apply for courses and to apply for financial aid.

I would like to express my honest thanks for all your promotion that you did among students. But since we have still free places in each course I am kindly asking you to distribute Summer School 2008 within your university as much as it is possible.

Please inform students that they can apply for financial aid (for tuition fee and accommodation)- we offer 100 grants for tuition fee and 50 for accommodation.

We will also help them in arrival procedure.

Application forms are available online on

http://www.emuni.si/en/strani/46/How-to-Apply.html

Students can return completed application forms on

summerEMUNI2008@emuni.si

We are looking forward to join students from different cultures, religions, countries.

We are convinced that Euro-Mediterranean Summer School will be good experience for all students.

...Thank you for your promotion of Summer School. I am at your disposal if you need further information.

Best regards,

Anica Novak

Education Department Coordinator of Summer School

quinta-feira, 15 de maio de 2008

1° Encontro de Estudos sobre o Mundo Árabe e Islâmico

A Universidade Fernando Pessoa convida a todos os interessados a estarem presentes no 1º encontro sobre o Mundo Árabe e Islâmico, que irá decorrer no dia 19 de Maio, segunda-feira ás 17.30 no Salão Nobre da Universidade Fernando Pessoa - Porto.

Diz também que Portugal partilha com outros países europeus a singularidade de ter sido, durante pelo menos cinco séculos, o terreno da presença política, económica e social islâmica. Mantém, na sua língua e cultura, esta herança. Os Encontros de Estudos sobre o Mundo Árabe e Islâmico visam debater, juntamente com investigadores, estudantes e comunidade em geral, as questões que o mundo árabe e islâmico coloca — em Portugal e fora de Portugal. Os encontros, abertos ao maior público, são um elo de ligação entre a comunidade nacional e internacional, e entre estudos especializados (Master em Relações Internacionais com o Mundo Árabe e Islâmico) e estudos gerais.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Fátima quer abraçar Islão

Correio da Manhã: 13 Maio 2008 - 11h00
Peregrinação: Cardeal D. Saraiva Martins apela à cooperação com os muçulmanos
Fátima quer abraçar Islão
Um apelo ao diálogo e à cooperação com os muçulmanos do Islão foi ontem à noite feito em Fátima pelo cardeal D. Saraiva Martins na missa da peregrinação, em que também incitou os cristãos a viverem na verdade.

"A tarefa da construção da paz passa pelo diálogo sincero e recíproca cooperação entre as três grandes religiões monoteístas que professam a fé de Abraão no Deus único e verdadeiro e não podem, em nome dessa fé, desfigurar com gestos de ódio e de violência o rosto autêntico de Deus", afirmou o presidente da peregrinação na homilia.
À tarde, na Conferência de imprensa promovida pelo Santuário, o cardeal explicou aos jornalistas que o apelo resulta de uma "reflexão pessoal", baseada na sua experiência e relação com os muçulmanos e por entender que "nenhuma religião pode ficar fechada em si mesma".
"Os muçulmanos do Islão vivem ao nosso lado e são nossos irmãos, por isso o diálogo é inevitável, primeiro com as tendências mais abertas e depois, em consequência da globalização, com os grupos mais radicais", defendeu D. Saraiva Martins.
Na sua homilia, intitulada ‘Ser construtores da paz, testemunhando o Evangelho da verdade’, o cardeal incitou os peregrinos a viverem na verdade e a afirmarem o amor incondicional a Deus.
"A verdade é o próprio ser amoroso, fiel e constante de Deus, que se exprime na Palavra e nas suas obras", disse D. Saraiva Martins, salientando que essa é "exactamente" a mensagem de Fátima.
Nas palavras do prelado, o "chamamento primordial" da mensagem de Fátima é o apelo evangélico a que os cristãos vivam "na verdade, isto é, no amor".
E Nossa Senhora fá-lo como "verdadeira ícone do amor maternal, da verdade de Deus. Ela inclui os pecadores, os ateus, mas também os cristãos adormecidos e fala aos responsáveis das nações enquanto interpela as três criancinhas, incitando-as a serem construtores da paz".
A defesa da verdade foi também feita pelo bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, ao criticar a actual "civilização da máscara, das aparências, do efémero e da mentira", que, "nas suas várias formas, entra na categoria de pescado".
Na opinião de D. António Marto, "o grande drama da sociedade do nosso tempo é não acreditar em nenhuma verdade", pelo que é urgente "propor uma visão alternativa assente na verdade", dando como exemplo o amor. "Um só gesto de amor é capaz de fazer mais pela paz do que todas as armas do Mundo", conclui.

REITOR CRITICA IMPOSTOS SOBRE OFERTAS
O eventual pagamento de impostos sobre os juros dos depósitos provenientes das ofertas dos crentes, que deverá resultar da regulamentação da Concordata, foi ontem criticado pelo reitor do Santuário de Fátima, monsenhor Luciano Guerra, que entende que "se o capital é da actividade religiosa não deve ser sujeito a tributação fiscal". "E mesmo a loja de artigos religiosos não deve ser tratada como outra loja qualquer, do ponto de vista fiscal, porque não a queremos para construir riqueza com fins alheios à nossa actividade espiritual", defendeu o reitor, que justificou o atraso na aprovação das contas da instituição com dificuldades em distinguir o que é religioso (e não está sujeito ao pagamento de imposto) do que não é.
... /Isabel Jordão

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Festa dos Povos

O Secretariado da Casa Diocesana de Vilar - Porto convida a participação na Festa dos Povos, a ter lugar no dia 17 de Maio de 2008 com a programação a iniciar-se logo pela manhã.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Islão nas lusofonias (1)

Um dos últimos números de 2007 da revista Lusotopie, projecto editorial trilingue de investigação sobre espaços contemporâneos provenientes da história e da colonização portuguesa numa perspectiva internacional e comparada, dedica um dossier ao tema "Islão nas lusofonias", organizado por Nina Clara Tiesler, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS/UL) e coordenadora da Rede Internacional de Investigação sobre Muçulmanos em Espaços Lusófonos (MEL-net). E no âmbito do Colóquio Internacional "Muçulmanos em Portugal. Experiências Societais e Transnacionais", Novembro de 2007, realizou-se em Lisboa uma sessão de apresentação deste dossier especial da revista, que reuniu os autores numa mesa redonda em torno de perspectivas históricas e realidades actuais do Islão em espaços lusófonos.

Post'o aqui alguns resumos dos artigos disponibilizados em Nina Clara Tiesler (org.), "Dossier Islam en lusophonies – Islão nas lusofonias – Islam in Portuguese-speaking Areas", in Lusotopie, Vol. 14, 2007.

O Islão em espaços lusófonos. Relatos históricos, condições (pós)coloniais e debates actuais
Nina Clara Tiesler
"Os muçulmanos são cidadãos e membros activos da sociedade em quase todas as áreas lusófonas. Entre os PALOPs, Guiné-Bissau e Moçambique têm populações muçulmanas de longa data, enquanto Angola, por exemplo, recebe só recentemente imigrantes de países maioritariamente islâmicos. A presença islâmica em Portugal remonta a Gharb al-Ândalus, no entanto as comunidades muçulmanas contemporâneas devem ser compreendidas como um fenómeno pós-colonial. Brasil, Timor-Leste e Macau também têm experiências históricas particulares e contam com uma comunidade muçulmana cujas características diferem significativamente.
Todos os casos diferem, mas os muçulmanos nos espaços lusófonos compartilham algumas similaridades na comparação de pontos sócio-culturais. Em cada caso, os muçulmanos são vistos como representantes de uma minoria religiosa (excepto Guiné-Bissau); e em muitos casos os muçulmanos representam origens étnicas que diferem da sociedade dominante. Ademais, a migração internacional que reconfigura diversos campos lusófonos, conduz frequentemente à crescente diversificação. Novas ligações transnacionais emergiram entre muçulmanos, na base de experiências comuns em actuais contextos sócio-historicos nacionais ou locais, da etnicidade ou no idioma dominante - que maioritariamente, é o português."

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Encontro dos Tabligh

Encontro dos Tabligh termina pacificamente
Lisboa, 27 Abr (Lusa)
O encontro internacional do Tabligh Jamaat na mesquita Central de Lisboa, no qual participaram mais de mil muçulmanos, terminou hoje sem registo de quaisquer incidentes, informou Esmael Loonat, responsável em Portugal deste movimento religioso muçulmano. Em declarações à Lusa, Esmael Loonat declarou que o encontro, que juntou mais de mil muçulmanos oriundos de diversas zonas de Portugal, foi "uma reflexão de aproximação ao criador". O encontro que era aberto a qualquer muçulmano, começou na sexta-feira e terminou hoje, tendo contado com a participação de responsáveis desta "missionação religiosa" do Bangladesh, Índia e Paquistão, referiu ainda Esmael Loonat. Referindo-se à "suspeita" do Tabligh estar ligado a alegadas actividades terroristas, Esmael Loonat considerou que esta só existe em alguma imprensa portuguesa e reiterou que mantém contactos constantes com as autoridades portuguesas. Esmael Loonat afirmou que o encontro, que não foi o primeiro no país, decorreu pacificamente, defendendo que os "muçulmanos que residem em Portugal estão completamente integrados na sociedade portuguesa". Segundo Esmael Loonat, o objectivo do Tabligh Jamaat é "tentar desenvolver o vínculo de aproximação dos muçulmanos ao criador para que este se torne contínuo e constante através dos valores da fé, oração, caridade, jejum e a peregrinação a Meca". "Paralelamente, os muçulmanos devem ter uma vida condigna num âmbito profissional, social e pessoal", acrescentou. Segundo a última edição do jornal Expresso, a Polícia Judiciária (PJ) e o SIS (Serviço de Informação e Segurança) estiveram este fim-de-semana em alerta antiterrorista devido a este encontro internacional. O Expresso referiu que o coordenador do gabinete de segurança, Leonel de Carvalho, afirmou que o encontro seria acompanhado como "medida preventiva". O movimento Tabligh Davah (que significa grupo que propaga a fé) foi fundado em 1920 na província de Mewat, na Índia, por Maulana Muhammad. Os tablighis são uma espécie de missionários que divulgam os princípios da fé aos muçulmanos. Em Portugal, o movimento está presente desde 1979, disse Esmael Loonat. . Cerca de 95 por cento dos membros da comunidade muçulmana residente actualmente em Portugal chegaram nos anos 70 ao país oriundos de Moçambique e da Guiné-Bissau, explicou uma fonte da comunidade. Esmael Loonat adiantou ainda que o Tabligh tem como objectivo relembrar a prática do Islão e que reuniões entre os membros desta comunidade "são comuns, tanto na Europa como em Portugal".
MC. Lusa/Fim

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Encontros de Abril_2008

A comunidade muçulmana entre os dias 25 e 27 de Abril de 2008, reune-se na Mesquita Central de Lisboa, num processo de fé e de equilíbrio harmonioso, em completa confiança na crença das tradições do profeta "Sunat al-Nabi".

terça-feira, 22 de abril de 2008

Estudo Académico das Religiões

No Ano Europeu do Diálogo Intercultural, Mário Soares, Presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, presidiu ao painel “Estudo Académico das Religiões”, debate sobre o estudo das religiões em Portugal, no Instituto de Ciências Sociais (Colóquio inaugural da Associação Portuguesa para o Estudo das Religiões, dias 4 e 5 de Abril de 2008), tendo como base: Qual a importância da religião para a autodeterminação de uma sociedade? Como têm evoluído as práticas religiosas no Cristianismo? Qual o papel da religião na educação e na cultura? Como convivem as confissões minoritárias com as doutrinas dominantes?
O encontro reuniu mais de 30 investigadores nacionais e estrangeiros, alguns membros da European Association for the Study of Religion, International Association for the History of Religions e da Sociedad Española de Ciências de las Religiones, que apresentaram as suas pesquisas e estudos científicos mais recentes sobre fenómenos religiosos, contribuindo desta forma para uma melhor compreensão da história da religião em Portugal e em todo o mundo lusófono.
Enquanto membro oficial da European Association for the Study of Religion, a Associação Portuguesa para o Estudo das Religiões (APERLG) foi constituída em Setembro de 2007 e tem como objectivos desenvolver e fomentar a produção e difusão de conhecimento científico sobre as religiões, expandir o intercâmbio entre instituições universitárias de investigação na área, promover o estudo das religiões no Ensino Superior Português e afiliar-se em instâncias internacionais que desenvolvem projectos de investigação nesta área. Este colóquio marcou o início das actividades da APERLG, que prevê a realização de vários encontros e debates científicos ao longo dos próximos meses, tendo em conta a crescente diversidade de orientações religiosas na sociedade portuguesa contemporânea e em todo o espaço lusófono, a evolução das práticas religiosas como a peregrinação e a forte influência da religião na educação e na cultura.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Integração - O Islão reflectido nos médios

O artigo publicado, post'o pela comunicação social:
Na informação que é prestada sobre o Islão está, demasiadas vezes, em primeiro plano a notícia em que o escândalo domina. A realidade vivida fica, pelo contrário, na maior parte das vezes, em segundo plano, assim o considerou o Ministro Federal do Interior, Wolfgang Schäuble. Em conversa com representantes dos meios de comunicação social, Schäuble exigiu mais diferenciação.

Na actual forma de dar notícias verifica-se uma atenção dos media no tema „violência”. Tal poderá ser um motivo pelo qual as reservas na sociedade alemã face ao Islão aumentaram nos últimos anos. O islamismo fanático e o terrorismo, atribuídos ao Islão, constituem, sem dúvida, uma ameaça real, disse Schäuble. No entanto, é demasiado pouco notado que a grande maioria dos muçulmanos tem uma atitude constitutiva e é pacífica.

Por outro lado, cada vez mais pessoas na Alemanha, provenientes de países muçulmanos, sentem-se excluídas e recusadas, afirmou ainda o Ministro, acrescentando que, para a política de integração, este fosso, cada vez maior, é um grande problema.

Integração como área central da política

Neste sentido, o Governo Federal, tem promovido, nos últimos anos, numerosas iniciativas com vista à integração. É o caso da Cimeira Nacional sobre Integração, realizada em 2006. Na sua segunda edição, em Julho de 2007, a Chanceler Federal Angela Merkel apresentou o Plano Nacional para a Integração, elaborado no âmbito de uma iniciativa conjunta.

Paralelamente, o Ministro do Interior criou a Conferência alemã sobre o Islão, cujo objectivo é manter um diálogo duradouro entre os representantes do Estado e as pessoas de fé islâmica.

Ilustrar a realidade da vida islâmica de forma diferenciada

Na Conferência sobre o Islão, há um grupo de trabalho que se ocupa da imagem do Islão nos meios de comunicação social na Alemanha, afirmou o Ministro Schäuble, tendo acrescentado que, naturalmente, não é tarefa desse grupo de trabalho prescrever aos media uma determinada forma de dar informação. O Ministro disse ainda que do que se trata é de promover uma informação responsável, livre de preconceitos e diferenciada, que terá de elaborar melhor os temas quotidianos da vida islâmica.

Um tema de que se ocupa o grupo de trabalho é, no entanto, também a informação prestada pelos media muçulmanos sobre a Alemanha. Também essa dá ensejo a críticas, segundo o Ministro do Interior. Exemplo actual: a informação de alguns meios de comunicação social turcos sobre a catástrofe do incêndio em Ludwigshafen. As presunções prematuras sobre um ataque xenófobo não foram grande ajuda, disse Schäuble. Uma informação adequada impõe uma maior contenção e nenhum julgamento à priori.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Museu Virtual Islâmico

Um Museu é uma "instituição permanente sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento e aberto ao público, que adquire, conserva, pesquisa e exibe para finalidades do estudo, da educação e da apreciação, evidência material dos povos e seu ambiente", segundo a definição dada pelo Conselho Internacional de Museus, o ICOM, na Assembléia Geral de Copenhagen, em 1972. O Museu virtual "à descoberta da arte islâmica", apresenta uma colecção composta por objectos museológicos, monumentos e sítios arqueológicos, da iniciativa da Organização Não Governamental (ONG) Museu sem Fronteiras e coordenado pelo Campo Arqueológico e Museu Islâmico de Mértola.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

40 anos da Comunidade Islâmica

A Comunidade Islâmica de Lisboa comemora 40 anos, criada em 1968 por um grupo de estudantes de Moçambique, como associação religiosa e cultural, aberta a todos os muçulmanos residentes em Portugal, conforme consta no Diário do Governo, n.º 83, III Série, de 6 de Abril de 1968. A Comunidade cresceu exponencialmente, do número reduzido de membros fundadores, a partir do 25 de Abril de 1974, pela ocorrência do golpe de estado em Portugal e instauração da liberdade e da igualdade de direitos, maioritariamente por muçulmanos provenientes das ex-colónias, nomeadamente Moçambique e Guiné-Bissau, bem como algumas pessoas oriundas do Norte de África (Marrocos e Argélia), Paquistão, Bangladesh e membros das diversas embaixadas de países Árabes acreditados em Portugal, e que se serviam para as orações, essencialmente de habitações de famílias muçulmanas e de espaços diplomáticos, comerciais e de lazer, cedidos gratuitamente ou arrendados provisoriamente. A mensagem dirigida a nação em 27 de Julho de 1974, por António de Spínola, Presidente da República Portuguesa, era clara "Se há hora grande na vida e na história de um povo essa é, sem dúvida, a do seu reencontro com a vocação, a fisionomia e a forma de ser e de estar no mundo que lhe são próprios. Portugal vive hoje essa hora grande e é com a mais viva emoção que dirijo ao povo português de aquém e além-mar, na mais perfeita coerência com a nossa tradição histórica e com o ideário que nos preside e nela se inspirou a declaração formal de haver chegado o momento de reconhecer às populações dos nossos territórios ultramarinos o direito de tomarem em suas mãos o próprio destino".
Em 1977, por deliberação Camarária de 26 de Setembro, presidida pelo Eng.º Aquilino Ribeiro Machado, foi aprovada a proposta de cedência, à Comunidade Islâmica de Lisboa, uma parcela de terreno para a construção de uma mesquita e instalações culturais complementares. Em 1979, funcionava um Local de Culto Islâmico, em instalações provisórias, o rés-do-chão do prédio n.º 15 da travessa do Abarracamento de Peniche (ao Príncipe Real), graças ao gesto do Prof. Carlos da Mota Pinto, Primeiro-Ministro de Portugal, com base no despacho, de 11 de Junho de 1979, publicado no Diário da República (II Série, n.º 154), que considerava "ser razoável proporcionar a concretização efectiva da liberdade de culto e assegurar um tratamento equitativo das religiões professadas pelos portugueses, como meio adequado ao pleno desenvolvimento das suas personalidades". No dia 17 de Novembro de 1979 foi lançada a primeira pedra para a construção da Mesquita de Lisboa. No dia 29 de Março de 1985 (27 de Rajab de 1405), após um esforço contínuo e apoio de alguns países Islâmicos (Arábia Saudita, Kuweit, Emirados Árabes Unidos, Líbia, Jordánia, Egipto, Irão, Sultanato de Omã, Paquistão e Libano) e de muitos muçulmanos e não muçulmanos, donde se destacam os apoios dos Presidentes da Câmara Municipal de Lisboa, Eng.º Aquilino Ribeiro Machado e Eng.º Kruz Abecassis, à Mesquita de Lisboa foi inaugurada na presença de altas personalidades nacionais e do Centro Islâmico de Portugal (Instituição criada em 1978, por todos os Chefes das Missões Diplomáticas dos Países Islâmicos acreditados em Portugal, com o objectivo único de conseguir apoios junto dos respectivos Governos para a construção da primeira Mesquita em Portugal, depois de sete Séculos). Devido a atrasos na construção da Mesquita Central, e para que se saiba, a primeira Mesquita a ser inaugurada, foi a Mesquita do Laranjeiro (Comunidade Islâmica do Sul do Tejo) em 1982, seguida, um ano depois, pela pequena e bela Mesquita Aicha Siddika, em Odivelas, ao que se seguiram outras inaugurações, Mesquitas provisórias e Locais de Culto. Em 1992, três talhos islâmicos no distrito da Grande Lisboa começaram a oferecer carne Halal (carne abatida segundo os procedimentos da Religião Islâmica) localizados em Alvalade, Odivelas e Laranjeiro. Por ter havido dificuldades financeiras, obra não acabada, a partir de Fevereiro de 1986, começaram a fazer-se obras de acabamento e melhoramentos na grande Mesquita Central de Lisboa, englobando os sectores, religioso, cultural e social. A Câmara Municipal de Lisboa, presidida pelo Dr. João Soares, atribuiu o nome de Rua da Mesquita, à rua que passa em frente da Mesquita de Lisboa, no dia 22 de Junho de 2001 (1 de Rabi-ul-Thani de 1422), na presença de Sua Alteza Real o Príncipe Salman Ben Abdelaziz. "Esta atribuição evoca um período da história de Portugal e mais particularmente de Lisboa, bem como, o legado que a presença muçulmana deixou em Lisboa e igualmente o respeito e a tolerância entre todos os povos". Este dia fica marcado também, por coincidência, com a promulgação, pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, da Lei da Liberdade Religiosa - Lei 16/2001.
Um marco importante aconteceu com a assinatura do Ministro da Justiça, Governo do Primeiro-Ministro José Sócrates, em 14 de Setembro de 2006 de despachos de radicação de duas comunidades religiosas, a Comunidade Israelita de Lisboa e a Comunidade Islâmica de Lisboa. Este despacho de radicação consubstancia, de acordo com o estatuído no n.º 1 do art.º 37º da Lei da Liberdade Religiosa, o reconhecimento por parte do Estado Português de que determinada igreja ou comunidade religiosa possui presença social organizada no país há pelo menos 30 anos e que se encontra já inscrita no Registo. A qualidade de igreja ou comunidade religiosa radicada confere certos direitos. Assim, o Estado coopera com essas entidades, com vista à promoção dos direitos humanos, do desenvolvimento integral de cada pessoa e dos valores da paz, da liberdade, da solidariedade e da tolerância; representantes de igrejas e comunidades religiosas radicadas integram a Comissão do Tempo de Emissão das Confissões Religiosas, que é a entidade que, de acordo com o a representatividade das várias confissões e com aplicação do princípio da tolerância, celebra os acordos de atribuição e distribuição do tempo de emissão nos serviços públicos de televisão e de radiodifusão; as igrejas e comunidade radicadas no país podem propor a celebração de acordos com o Estado sobre matérias de interesse comum.
Dada a perspectiva de melhoria de vida para muitas famílias, decorrentes de grandes obras (Expo'98 e Europeu'2004) e pela abertura mundial ao comércio da Índia e China, Portugal recebeu muitos muçulmanos que alavancaram os lugares de culto islâmico.

Curso de "Competências interculturais"

Vai realizar-se um curso de formação de "Competências interculturais", entre 5 a 12 de Julho de 2008, em Lultzhausen - Luxemburgo, cujos objectivos da Acção de Formação são: Desenvolver a capacidade de compreensão mútua por culturas, religiões, línguas e grupos étnicos diferentes; Promover competências interculturais e o diálogo intercultural; Proporcionar o estabelecimento de contactos entre trabalhadores na área da juventude e líderes juvenis de diferentes países; Partilhar e aprender com as diferentes experiências de trabalho; Actuar como “multiplicador” após a acção de formação; Promover a cooperação entre participantes para iniciar projectos no âmbito do programa Juventude em Acção.
Esta acção de formação permitirá aos participantes adquirir e desenvolver competências para trabalhar com jovens descendentes de imigrantes ou com diferentes culturas; Competências ao nível da gestão e implementação de projectos; Cooperação a longo termo entre organizações; Possibilidade de cooperação dentro do programa Juventude em Acção. A Metodologia a seguir será de carácter prático: grupos de trabalho; apresentações; espaços informativos; trocas de experiências, discussões, etc. Os participantes terão a oportunidade de apresentar a sua vida profissional e background cultural. O Perfil de participante, deverá ser dada prioridade a líderes juvenis ou trabalhadores na área da juventude com o seguinte perfil:Voluntários ou empregados em organizações envolvidas com jovens imigrantes, grupos multiculturais e/ou com etnias diversas; Motivados para desenvolver projectos com países Programa e Países parceiros; Capacidade para comunicar em Inglês. As Condições de participação: Os custos com a viagem internacional são suportados pela Agência Nacional Portuguesa; Os custos de alojamento e alimentação são suportados pela entidade organizadora; O seguro de saúde e as deslocações em território nacional serão da responsabilidade dos participantes seleccionados; A Agência Nacional portuguesa suporta os custos de deslocação de avião entre as regiões autónomas dos Açores e Madeira e o Continente.
Os interessados deverão preencher o formulário de candidatura, obrigatoriamente em inglês, e enviá-lo (datado e assinado), para a Agência Nacional do Programa Juventude em Acção, até dia 3 de Abril de 2008, em alternativa, via: fax +351 21 317 92 10 (A/c: Liliana Cruz); correio electrónico (para liliana.cruz@ipj.pt ); Mais informações: A Agencia Nacional portuguesa seleccionará um participante para a actividade, sendo a Agência Nacional luxemburguesa responsável pela aceitação ou não aceitação do mesmo; Os resultados do curso serão divulgados a todos os candidatos (por e-mail e/ou correio postal); Sobre a actividade – consultar anexos; Sobre o Programa Juventude em Acção http://ec.europa.eu/youth/index_en.htm Em caso de dúvida, contactar: Liliana Cruz; Telefone: 21 317 92 10

quinta-feira, 27 de março de 2008

Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo"

Abriu Mestrado e excede expectativas, promovido conjuntamente pela Universidade do Algarve, através do Departamento de História, Arqueologia e Património da FCHS, e pelo Campo Arqueológico de Mértola. O número de pré-inscritos ultrapassou as duas dezenas, e abre boas perspectivas para que o mestrado venha a funcionar já no próximo ano lectivo. A decisão de funcionamento do mestrado cabe ao CC da FCHS da Universidade do Algarve, ao qual irão ser propostas tanto a abertura formal do curso como o seguinte calendário de funcionamento. Candidaturas: 14 de Julho a 12 de Setembro; Selecção: 15 a 19 de Setembro; Inscrições: 22 de Setembro a 3 de Outubro; Início das aulas: 10 de Outubro. Os boletins de inscrição serão, após a deliberação do CC da FCHS, disponibilizados nas páginas web da FCHS (http://www.fchs.ualg.pt/)

quinta-feira, 20 de março de 2008

Sharia - A lei islâmica em Portugal

Jornal Público de 13.03.2008, título de artigo Sharia:
A sala da Mesquita Central de Lisboa está fria e quase vazia. Não há juízes nem advogados, mas aqui costumam reunir-se "sábios" que deliberam, sobre questões familiares ou sociais, como se estivessem num tribunal. A sua lei não é civil, mas islâmica - a Sharia.
É nesta sala que nos recebe um afável e sorridente Xeque David Munir. Tentando dissipar dúvidas e medos, o imã (guia religioso) fala pausadamente enquanto acalma o seu telemóvel, que não pára de tocar. Começa logo por clarificar que a exigência de a mulher "ser submissa" ao homem "não passa de uma metáfora".
"O que é ser submissa? É o homem dizer "levanta-te!" e ela levantar-se? Ou ele dizer "senta-te!" e ela sentar-se? Isso não é submissão, é ser escrava. Não tem nada a ver com a Sharia", frisa David Munir. "O facto de em algumas sociedades a mulher ainda ser considerada inferior, não tem nada a ver com a Sharia, mas com a tradição e a cultura" dos países.
Do mesmo modo, o facto de haver maridos que proíbem as mulheres de exercerem profissões é incompreensível para o Xeque. "Já tivemos de decidir num caso em que uma jovem licenciada que queria ter o seu emprego e o marido, por ciúmes ou machismo, não autorizava, mas conseguimos que ele mudasse de ideias." David Munir admite, todavia, que se os homens "ganharem o suficiente, as mulheres podem - se consentirem - ficar em casa a tratar da família", porque o sustento não é obrigação delas. Outra recomendação que ele faz às mulheres é que "não gastem mais do que os maridos ganham", se elas não contribuírem para as despesas.
É também com a "necessidade de o homem sustentar a família" que David Munir justifica a norma da Sharia de que o homem "tem direito ao dobro da herança" se um parente morrer, "porque ele é obrigado a ajudar, e a mulher não". No entanto, quando se trata de partilhas, ressalva, "cabe à família decidir se quer um acordo segundo a lei islâmica ou os tribunais civis". Também pode haver testamentos com cláusulas específicas que não sigam o que a Sharia determina, adianta.
O poder do divórcio
Quanto a separações, o Xeque lembra-se de um caso em que um membro da comunidade se mostrava tão renitente em conceder o divórcio à mulher que os teólogos tiveram de tomar uma decisão "segundo a Sharia". O casamento era apenas religioso e a deliberação foi "a favor da esposa, que tinha o direito de refazer a sua vida, mesmo que o marido não aceitasse".Uma interpretação rígida da Sharia dá ao homem o direito unilateral de se divorciar, sem causa (basta dizer três vezes, no decurso de três meses, "eu divorcio-me de ti"), enquanto a mulher tem de alegar "razões fortes", como infertilidade, distúrbios mentais, doenças contagiosas ou não apoio financeiro por parte do marido para que o seu pedido seja aceite. Esta não é interpretação do Xeque de Lisboa, que esclarece: "De acordo com a Sharia, a mulher pode pedir o divórcio sem nenhuma razão acima mencionada - chama-se Khula." David Munir clarifica ainda o que até alguns muçulmanos desconhecem: que antes de um contrato de casamento, a mulher pode exigir "o poder do divórcio". Assim sendo, "é ela quem dá e é ele quem pede". A ignorância leva a que os pais dos noivos às vezes recusem esta opção, porque questionam a validade da sua existência.O imã aconselha "muita prudência" aos maridos que, num assomo de fúria, renegam as esposas três vezes (em três períodos), porque, uma vez declarado o divórcio, mesmo que depois se arrependam, terão de esperar que a sua mulher volte a casar-se com outro e se separe deste para voltar a unir-se a ela.
Os teólogos em Portugal, acrescenta o Xeque, aconselham sempre a que o casamento religioso islâmico (ainda não contemplado na lei portuguesa) seja em simultâneo com o civil. Obter a documentação necessária é, contudo, um processo moroso (sobretudo quando se é imigrante ilegal), e as pessoas vêm à mesquita "porque querem regularizar a sua situação familiar para não viverem em pecado".
Uma coisa é certa, embora alguns orientadores religiosos digam que o islão permite aos rapazes e raparigas casarem assim que cheguem à puberdade, 14-15 anos, na comunidade islâmica portuguesa - criada há precisamente 40 anos e agora com 40 mil membros - segue-se à risca a lei que exige autorização dos pais para quem quiser casar antes dos 18. "Não queremos que nos acusem de casar menores nas mesquitas", defende-se o Xeque."A Sharia não é uma lei bárbara e ultrapassada como alguns pensam. Trata todos como iguais. Não nos interessa agradar aos homens ou às mulheres, mas apenas fazer o que é justo de acordo com a lei", enfatiza o Xeque. Em situações de separação de um casal, "damos até três meses para ambos pensarem. Tentamos sempre obter o consentimento mútuo, mas quando não há essa possibilidade, o que ficou decidido está decidido. Se uma das partes não gostou, paciência."
Mas, perguntamos nós, e quando há violência doméstica, a mulher terá de suportar os abusos do marido até os teólogos concluírem que a solução é o divórcio? Responde David Munir: "O marido tem de sair de casa e ela fica. Se já não houver convivência pacífica, ele vai para a rua. E isto é Sharia! Ela não tem de suportar um marido violento." Bater ou repreender?O Xeque admite que no Corão se diz que "quando uma mulher é desobediente", o marido "pode repreendê-la", embora teólogos misóginos, com uma interpretação mais radical, considerem "ser legítimo bater depois de admoestar".
David Munir frisa: "O Profeta [Maomé] nunca levantou a mão a nenhuma das suas esposas, e até chamou a atenção de vários maridos para que não batessem nas suas mulheres. Se vivemos numa sociedade onde é comum os homens baterem nas mulheres, não podemos dizer que isso é islâmico. É usar o islão erradamente. Eu defendo que não se deve bater, que não se deve levantar a mão. E, se por acaso, numa disputa, numa azeda troca de palavras, o homem for violento, que de imediato peça desculpas. Mas se persistir, e a mulher já não o conseguir aturar, ela tem o direito de pedir o divórcio, e o divórcio ser-lhe-á dado. Se ela se justificar, com provas, ele será obrigado a divorciar-se.
"O imã reconhece que algumas mulheres preferem sofrer em silêncio do que denunciar os maus tratos a que são sujeitas pelos maridos. "Para a comunidade, estes são uns santos, pessoas exemplares, e elas temem não ser levadas a sério." O que faz o Xeque? "Eu tento encorajar as mulheres a pedirem ajuda a instituições que as protejam, a si e aos seus filhos, ou que me deixem falar directamente" com os abusadores.Tutela dos filhosJá aconteceu a David Munir ser, "surpreendentemente", chamado pela Comissão de Protecção de Menores, "porque envolveu até a polícia", para dar o seu parecer numa disputa de tutela de filhos por um casal.
Nestas situações, ele aconselha de acordo com a Sharia, mas a palavra final cabe aos tribunais civis - aliás, faz questão de sublinhar que todos os casamentos litigiosos são encaminhados por si e pelos seus colegas imãs para as instâncias do Estado. Eles só tratam de separações amigáveis, e assevera que nunca tiveram de decidir sobre quem tinha direito à custódia das crianças.Se ele tivesse de o fazer, não tem dúvidas de que avaliaria "o que seria melhor" para os filhos. "Há pessoas que dizem que os filhos, após um divórcio, pertencem ao pai, mas não é bem assim", explica. "Se a criança for menor, nos primeiros dois anos, fica com a mãe por causa do aleitamento."
"O que a natureza nos diz é que a criança precisa mais da mãe. O pai é obrigado a dar o sustento. A criança só tem de ficar com o pai se a mãe não tiver condições, físicas, mentais ou financeiras, de a criar. Há teólogos que defendem uma tutela conjunta. Até agora, nunca fomos solicitados a decidir em termos de tutela, mas houve casos em que a questão se colocou, por exemplo, se um pai que passa o tempo fora de casa está em condições de manter os filhos.
"Casos mais comuns que são submetidos à apreciação dos teólogos são os relacionados com dívidas. "Alguém vem à comunidade e queixa-se: "Aquele fulano, que vocês conhecem, deve-me dinheiro e não me paga." Então, chamamos a pessoa acusada, conversamos com ela, vemos como foi feito o contrato de empréstimo, se foi verbal ou por escrito, se passou ou não pelo notário, e as pessoas envolvidas acabam por aceitar as nossas decisões. É que o devedor, se não pagar, está a desrespeitar a sua crença, e fica numa situação desconfortável perante a comunidade."Conselhos sobre poligamia
Nota final: no site myciw.org (Comunidade Islâmica da Web), uma senhora apenas identificada como Patrícia pergunta: "Sou cristã e busco respostas sobre casamento muçulmano - direitos e deveres. Meu marido deseja converter-se em muçulmano. Uma das principais razões é o facto de desejar ter outra mulher, por sua vez muçulmana, que conhece há pouco tempo. Acontece que amo o meu marido e desejo a sua felicidade mas seu comportamento mudou comigo. Pretende que eu abdique do nosso quarto para estar com ela. Pretende que eu continue a trabalhar, enquanto ela fica em casa à espera dele. Até falou em arranjar empregada para ela não fazer nada em casa. Amo o meu marido mas sinto seu coração injusto. E se meu marido deseja ser muçulmano, eu só desejo conhecer a lei muçulmana para saber se ele está sendo correcto comigo ou não. Dentro de 15 dias essa mulher muçulmana chega a nossa casa."
O Xeque Munir vai lendo em voz alta a mensagem à sua frente, linha a linha, e começa a dar respostas, sabendo que a poligamia é permitida pelo islão mas proibida em Portugal (e também em países muçulmanos de regimes laicos como a Tunísia e a Turquia)."Se o homem for muçulmano, para casar com outra não pode dar a esta o quarto da primeira mulher", sentencia. "Já está a começar mal. Isto não é Sharia. Se uma das mulheres trabalhar, a outra tem de trabalhar. Isto é Sharia. Se ele arranjar empregada para uma, tem de arranjar para outra. Se ele já está a ser injusto, então não justifica ter outra mulher, porque vai manter a injustiça. O Alcorão diz: "Se tiver receio de não ser justo [com as suas mulheres, que podem ser quatro], fique só com uma.""Eu aconselharia esta senhora [Patrícia] a divorciar-se do marido, para ele casar com a outra. Vai custar, porque ela diz que gosta dele, mas é melhor ela sofrer durante seis meses ou um ano do que viver em permanente instabilidade.

sábado, 15 de março de 2008

Declínio tecnológico e científico na OCI

Os países-membros da Organização da Conferência islâmica (OCI), reunidos na 11º cimeira constataram que estão em declínio em termos de desenvolvimento da ciência e tecnologia, principalmente os países em vias de desenvolvimento. As razões apontadas, despesas para a pesquisa e desenvolvimento científico são elevadas e insuportáveis. A percentagem do PIB alocada para cobrir as despesas de investigação na ciência e tecnologia varia entre 0.10% no Senegal e 6.33% na Jordânia (a média nos países da OCI é de 0.6% e a média mundial ronda os 2.6%). Consequências, o número de publicações científicas caminha para a insignificância e o número de pessoas afectas ou que abraçam a investigação científica é reduzido não permitindo avanços tecnológicos.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Comunidade Muçulmana na RTP2

"Comunidade Muçulmana de Portugal" é o tema do programa "Nós" do dia 16 de Março de 2008 na RTP2. O Sheik Munir é entrevistado e num relance pode-se vêr: o Centro Cultural Islâmico do Porto, o único Talho islâmico da cidade do Porto, o Colégio Islâmico de Palmela, os festejos islâmicos de Mértola, o jogo de futebol entre o Essalam vs Angolanos do Porto, o folclore do sul de Marrocos e a Associação Luso-Turca do Porto. O programa "Nós" é destinado a histórias de vidas construídas em Portugal, a manifestações culturais e sociais dos imigrantes e deste modo acompanha a complexa situação em que vivem as pessoas, provenientes das mais diversas partes do mundo, dando a conhecer o lado positivo, a mais valia, mas também as dificuldades dos que procuram Portugal para encontrar melhores condições de vida.

segunda-feira, 10 de março de 2008

11ª Cimeira da Organização da Conferência Islâmica (OCI)

Realiza-se entre o dia 13 e 14 de Março de 2008 a 11ª Cimeira da Organização da Conferência Islâmica (OCI), a ter lugar em Dacar, capital do Senegal, cuja agenda principal visa debater os desafios da “Causa Islâmica no Século XXI”, em plenária de Chefes de Estado, sobre o tipo de parcerias que a organização poderá promover entre os seus membros. A anteceder a abertura da conferência, o encontro ministerial para a preparação dos documentos e aspectos administrativos relativos à passagem do testemunho da Malásia, actual detentora da presidência rotativa, para o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade. Esta reunião reúne 57 países e representa 1,3 bilhão de muçulmanos. Dedicada à promoção da solidariedade muçulmana, a OCI foi criada em Setembro de 1969 durante uma reunião de 24 chefes de Estado muçulmanos após um incêndio na mesquita al-Aqsa de Jerusalém.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Fundo de acordo com a lei islâmica

O Banco Best lançou em finais do ano passado o primeiro fundo, em Portugal, que está de acordo com as disposições da Sharia, a lei islâmica. O fundo "Fundo Credit Suisse Sicav One (Lux) Equity Al-Buraq" exclui tudo o que tem a ver com cobrança ou pagamento de juros, proibidos para a comunidade islâmica. O fundo é gerido pela Credit Suisse, e centra-se em empresas com características mais defensivas, privilegiando o investimento nos sectores da saúde, farmácia, energia, metais e mineiro e transportes. Para assegurar que os investimentos são de acordo com as disposições islâmicas, foi criado um "Comité de Aconselhamento" composto por três proeminentes especialistas na Sharia. (Link).
Em "Islamonline.com" pode lêr-se que o ABSA um banco Sul Africano introduziu um serviço que possibilitará aos seus clientes muçulmanos abrir contas de poupança que estejam de acordo com a lei da Sharia. Os seus produtos e serviços terão como alvo os mercados das comunidades muçulmanas da Grã-Bretanha, Alemanha, Singapura, Angola, Moçambique, Tanzânia e Zimbabwe. Os clientes poderão usufruir da rede das caixas automáticas do banco assim como de um serviço de call center especifico à banca islâmica. O Banco oferece também serviços de gestão de recursos financeiros e produtos de investimento, e poder-se-á comprar um automóvel através de um produto que o Banco tem, tudo em conformidade com a lei Islâmica.
Na Malásia, segundo o ministro das finanças malaio, Nor Mohamed Yakcop, a Malásia está em vias de tornar-se no centro das finanças islâmicas: “Nós temos o que é preciso, crescemos muito em 24 anos desde 1983, quando só havia um banco islâmico. O aumento da aceitação dos produtos financeiros islâmicos oferece grandes oportunidades para os financeiros malaios.” O sr. Yakcop acrescentou que “o caminho é expandir a diversidade dos produtos para ir ao encontro dos requisitos pretendidos pelos investidores sofisticados”, deste modo, os malaios muçulmanos criaram um esquema a longo prazo para desenvolver novos planos de investimento com o objectivo de atrair os fundos globais islâmicos, numa tentativa de tornar a Malásia num centro de finanças islâmicas com importância a nível global.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Sheik Munir na Maia

Porto, 09 Fev (Lusa) - O líder da comunidade muçulmana de Lisboa, sheikh David Munir, criticou hoje, na Maia, a confusão crescente do Islão com o terrorismo, desde os atentados de 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque.
"É uma situação insustentável porque, desde então, os muçulmanos entram em paranóia cada vez que rebenta uma bomba no mundo, porque todos pensam que foram eles, mesmo que isso não seja verdade", afirmou.
O sheikh acrscentou que esta mudança de atitude face aos muçulmanos repete-se e muitas outras situações do quotidiano.
"Antigamente, se uma mulher muçulmana tapava o cabelo, era olhada com curiosidade, hoje em dia isso é encarado quase como uma provocação. Já as freiras católicas podem tapar o cabelo à vontade, sem despertar qualquer reacção", exemplificou David Munir.
O líder religioso falava durante uma conferência/debate promovida pelo Instituto Superior da Maia sob o tema "As religiões e a construção do futuro", em que participaram também o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, e Nuno Whanon Martins, especialista da religião judaica.
O sheikh Munir aproveitou a ocasião para procurar desfazer uma série de equívocos muito comuns que, no seu entender, distorcem a imagem do Islão.
"Por exemplo, os casamentos arranjados não são Islão, são tradição, se existem é porque fazem parte das culturas locais", afirmou, acrescentando que o Corão garante às mulheres a possibilidade de escolherem os seus maridos e vice-versa.
Sublinhou ainda que os casamentos arranjados são prática em muitas culturas e religiões e até ao século XIX e meados do século XX eram correntes na Europa.
"O mesmo acontece com o dote que as famílias das noivas dão aos noivos,o que acontece também em muitas outras religiões, incluindo a cristãs. Isso não faz parte do Islão, não há nada no Corão que o legitime. Dote não é Islão, é tradição", afirmou.
David Munir admitiu, porém, que o Islão não separa o poder político do religioso.
"No Islão há só um poder e uma lei, a Sharia (conjunto de leis religiosas islâmicas), mas não conheço nenhum país islâmico no mundo que a aplique a cem por cento", defendeu.
Relativamente à posição das mulheres na sociedade islâmica, o sheikh frisou que há muitas proibições em países islâmicos que nada têm a ver com a Sharia, mas sim com costumes locais.
"São exemplos disso, a proibição de conduzir na Arábia Saudita, que não existe em mais país islâmico nenhum, e o acesso a lugares de direcção política, que também não é vedado às mulheres, como se viu no Paquistão, com a senhora Benazir Bhutto, que foi primeira-ministra por duas vezes, num país islâmico".
Criticou também a ideia vigente de que o Islão é contrário ao trabalho das mulheres.
"Vejam o meu caso pessoal, a minha mulher é médica, trabalha e até ganha muito mais do que eu. É claro que isso não vai contra o Islão", garantiu.
Quanto ao acesso à religião islâmica, o sheikh garantiu que "qualquer um que o deseje pode entrar na religião islâmica e é bem-vindo".
Já para um muçulmano, convertido ou de origem, sair da religião as coisas são um pouco mais complicadas.
"Se as pessoas têm dúvidas e querem sair, há sempre toda a abertura para as esclarecer", sublinhou.
Mas se mesmo assim as dúvidas permanecerem, as pessoas são livres de sair, deixando de frequentar as mesquitas "desde que o façam com recato, de forma não ostensiva", mesmo em países islâmicos.
"O Corão diz que aqueles que rejeitarem o Islão terão que se enfrentar directamente com Deus. Os homens não têm poder para os julgar", assegurou.
No entanto, o sheikh admitiu que, embora o Corão não reconheça aos homens a faculdade de julgar os apóstatas, essa atitude é muitas vezes sancionada severamente pelas sociedades islâmicas no seu ordenamento jurídico, sempre e quando o abandono da fé seja assumido publicamente e de forma afrontosa.

PF.
Lusa/Fim

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Jejum de Asshooraa

O Profeta Muhammad SAW disse: "O melhor Jejum depois do mês de Ramadan é o do Mês de ALLAH, o Muharram" (Relatado por Muslim, 1976). Jejua-se dias 9 e 10 ou 10 e 11 de Muharram, uma generosidade de ALLAH, concessão da expiação dos pecados de um ano inteiro. O dia 10 de Muharram calha no sábado, 19 de Janeiro de 2008.