quinta-feira, 12 de junho de 2008
2ª edição do Portugal Islâmico e o Mediterrâneo
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Islão nas lusofonias (3)
"Na segunda metade do século xix, um imã iraquiano viajou ao Brasil em um navio do Império Otomano cuja rota se alterou devido a tempestades. Abdurrahman al-Baghdádi permaneceu no país de dois anos e meio a três anos, a partir de junho de 1866, com o intuito de « aprimorar » as práticas religiosas dos muçulmanos de origem africana que encontrou no Rio de Janeiro, na Bahia e em Pernambuco. No relato que escreveu sobre a experiência, al-Baghdádi descreve como os muçulmanos que viviam no Brasil rezavam, como celebravam o Ramadã, reuniam-se e recitavam o Alcorão. Durante suas aulas, dedicou-se a lhes explicar minuciosamente os pilares (arkán) do Islã e a forma que acreditava própria à implementação deles."
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Islão nas lusofonias (2)
terça-feira, 20 de maio de 2008
Os Segredos Do Corão
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Euro-Mediterranean Summer School 2008
I want to inform you that the deadline to apply for courses (for term A and B) will soon run out. But since we have still free places in all courses we extended the deadline for TERM A and B: on May, 15-to apply for courses and to apply for financial aid.
I would like to express my honest thanks for all your promotion that you did among students. But since we have still free places in each course I am kindly asking you to distribute Summer School 2008 within your university as much as it is possible.
Please inform students that they can apply for financial aid (for tuition fee and accommodation)- we offer 100 grants for tuition fee and 50 for accommodation.
We will also help them in arrival procedure.
Application forms are available online on
http://www.emuni.si/en/strani/46/How-to-Apply.html
Students can return completed application forms on
We are looking forward to join students from different cultures, religions, countries.
We are convinced that Euro-Mediterranean Summer School will be good experience for all students.
...Thank you for your promotion of Summer School. I am at your disposal if you need further information.
Best regards,
Anica Novak
quinta-feira, 15 de maio de 2008
1° Encontro de Estudos sobre o Mundo Árabe e Islâmico
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Fátima quer abraçar Islão
Peregrinação: Cardeal D. Saraiva Martins apela à cooperação com os muçulmanos
"A tarefa da construção da paz passa pelo diálogo sincero e recíproca cooperação entre as três grandes religiões monoteístas que professam a fé de Abraão no Deus único e verdadeiro e não podem, em nome dessa fé, desfigurar com gestos de ódio e de violência o rosto autêntico de Deus", afirmou o presidente da peregrinação na homilia.
À tarde, na Conferência de imprensa promovida pelo Santuário, o cardeal explicou aos jornalistas que o apelo resulta de uma "reflexão pessoal", baseada na sua experiência e relação com os muçulmanos e por entender que "nenhuma religião pode ficar fechada em si mesma".
"Os muçulmanos do Islão vivem ao nosso lado e são nossos irmãos, por isso o diálogo é inevitável, primeiro com as tendências mais abertas e depois, em consequência da globalização, com os grupos mais radicais", defendeu D. Saraiva Martins.
Na sua homilia, intitulada ‘Ser construtores da paz, testemunhando o Evangelho da verdade’, o cardeal incitou os peregrinos a viverem na verdade e a afirmarem o amor incondicional a Deus.
"A verdade é o próprio ser amoroso, fiel e constante de Deus, que se exprime na Palavra e nas suas obras", disse D. Saraiva Martins, salientando que essa é "exactamente" a mensagem de Fátima.
Nas palavras do prelado, o "chamamento primordial" da mensagem de Fátima é o apelo evangélico a que os cristãos vivam "na verdade, isto é, no amor".
E Nossa Senhora fá-lo como "verdadeira ícone do amor maternal, da verdade de Deus. Ela inclui os pecadores, os ateus, mas também os cristãos adormecidos e fala aos responsáveis das nações enquanto interpela as três criancinhas, incitando-as a serem construtores da paz".
A defesa da verdade foi também feita pelo bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, ao criticar a actual "civilização da máscara, das aparências, do efémero e da mentira", que, "nas suas várias formas, entra na categoria de pescado".
Na opinião de D. António Marto, "o grande drama da sociedade do nosso tempo é não acreditar em nenhuma verdade", pelo que é urgente "propor uma visão alternativa assente na verdade", dando como exemplo o amor. "Um só gesto de amor é capaz de fazer mais pela paz do que todas as armas do Mundo", conclui.
REITOR CRITICA IMPOSTOS SOBRE OFERTAS
O eventual pagamento de impostos sobre os juros dos depósitos provenientes das ofertas dos crentes, que deverá resultar da regulamentação da Concordata, foi ontem criticado pelo reitor do Santuário de Fátima, monsenhor Luciano Guerra, que entende que "se o capital é da actividade religiosa não deve ser sujeito a tributação fiscal". "E mesmo a loja de artigos religiosos não deve ser tratada como outra loja qualquer, do ponto de vista fiscal, porque não a queremos para construir riqueza com fins alheios à nossa actividade espiritual", defendeu o reitor, que justificou o atraso na aprovação das contas da instituição com dificuldades em distinguir o que é religioso (e não está sujeito ao pagamento de imposto) do que não é.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Festa dos Povos
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Islão nas lusofonias (1)
Post'o aqui alguns resumos dos artigos disponibilizados em Nina Clara Tiesler (org.), "Dossier Islam en lusophonies – Islão nas lusofonias – Islam in Portuguese-speaking Areas", in Lusotopie, Vol. 14, 2007.
O Islão em espaços lusófonos. Relatos históricos, condições (pós)coloniais e debates actuais
"Os muçulmanos são cidadãos e membros activos da sociedade em quase todas as áreas lusófonas. Entre os PALOPs, Guiné-Bissau e Moçambique têm populações muçulmanas de longa data, enquanto Angola, por exemplo, recebe só recentemente imigrantes de países maioritariamente islâmicos. A presença islâmica em Portugal remonta a Gharb al-Ândalus, no entanto as comunidades muçulmanas contemporâneas devem ser compreendidas como um fenómeno pós-colonial. Brasil, Timor-Leste e Macau também têm experiências históricas particulares e contam com uma comunidade muçulmana cujas características diferem significativamente.
Todos os casos diferem, mas os muçulmanos nos espaços lusófonos compartilham algumas similaridades na comparação de pontos sócio-culturais. Em cada caso, os muçulmanos são vistos como representantes de uma minoria religiosa (excepto Guiné-Bissau); e em muitos casos os muçulmanos representam origens étnicas que diferem da sociedade dominante. Ademais, a migração internacional que reconfigura diversos campos lusófonos, conduz frequentemente à crescente diversificação. Novas ligações transnacionais emergiram entre muçulmanos, na base de experiências comuns em actuais contextos sócio-historicos nacionais ou locais, da etnicidade ou no idioma dominante - que maioritariamente, é o português."
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Encontro dos Tabligh
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Encontros de Abril_2008
terça-feira, 22 de abril de 2008
Estudo Académico das Religiões
O encontro reuniu mais de 30 investigadores nacionais e estrangeiros, alguns membros da European Association for the Study of Religion, International Association for the History of Religions e da Sociedad Española de Ciências de las Religiones, que apresentaram as suas pesquisas e estudos científicos mais recentes sobre fenómenos religiosos, contribuindo desta forma para uma melhor compreensão da história da religião em Portugal e em todo o mundo lusófono.
Enquanto membro oficial da European Association for the Study of Religion, a Associação Portuguesa para o Estudo das Religiões (APERLG) foi constituída em Setembro de 2007 e tem como objectivos desenvolver e fomentar a produção e difusão de conhecimento científico sobre as religiões, expandir o intercâmbio entre instituições universitárias de investigação na área, promover o estudo das religiões no Ensino Superior Português e afiliar-se em instâncias internacionais que desenvolvem projectos de investigação nesta área. Este colóquio marcou o início das actividades da APERLG, que prevê a realização de vários encontros e debates científicos ao longo dos próximos meses, tendo em conta a crescente diversidade de orientações religiosas na sociedade portuguesa contemporânea e em todo o espaço lusófono, a evolução das práticas religiosas como a peregrinação e a forte influência da religião na educação e na cultura.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Integração - O Islão reflectido nos médios
Na actual forma de dar notícias verifica-se uma atenção dos media no tema „violência”. Tal poderá ser um motivo pelo qual as reservas na sociedade alemã face ao Islão aumentaram nos últimos anos. O islamismo fanático e o terrorismo, atribuídos ao Islão, constituem, sem dúvida, uma ameaça real, disse Schäuble. No entanto, é demasiado pouco notado que a grande maioria dos muçulmanos tem uma atitude constitutiva e é pacífica.
Por outro lado, cada vez mais pessoas na Alemanha, provenientes de países muçulmanos, sentem-se excluídas e recusadas, afirmou ainda o Ministro, acrescentando que, para a política de integração, este fosso, cada vez maior, é um grande problema.
Integração como área central da política
Neste sentido, o Governo Federal, tem promovido, nos últimos anos, numerosas iniciativas com vista à integração. É o caso da Cimeira Nacional sobre Integração, realizada em 2006. Na sua segunda edição, em Julho de 2007, a Chanceler Federal Angela Merkel apresentou o Plano Nacional para a Integração, elaborado no âmbito de uma iniciativa conjunta.
Paralelamente, o Ministro do Interior criou a Conferência alemã sobre o Islão, cujo objectivo é manter um diálogo duradouro entre os representantes do Estado e as pessoas de fé islâmica.
Ilustrar a realidade da vida islâmica de forma diferenciada
Na Conferência sobre o Islão, há um grupo de trabalho que se ocupa da imagem do Islão nos meios de comunicação social na Alemanha, afirmou o Ministro Schäuble, tendo acrescentado que, naturalmente, não é tarefa desse grupo de trabalho prescrever aos media uma determinada forma de dar informação. O Ministro disse ainda que do que se trata é de promover uma informação responsável, livre de preconceitos e diferenciada, que terá de elaborar melhor os temas quotidianos da vida islâmica.
Um tema de que se ocupa o grupo de trabalho é, no entanto, também a informação prestada pelos media muçulmanos sobre a Alemanha. Também essa dá ensejo a críticas, segundo o Ministro do Interior. Exemplo actual: a informação de alguns meios de comunicação social turcos sobre a catástrofe do incêndio em Ludwigshafen. As presunções prematuras sobre um ataque xenófobo não foram grande ajuda, disse Schäuble. Uma informação adequada impõe uma maior contenção e nenhum julgamento à priori.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Museu Virtual Islâmico
quinta-feira, 3 de abril de 2008
40 anos da Comunidade Islâmica
Curso de "Competências interculturais"
Esta acção de formação permitirá aos participantes adquirir e desenvolver competências para trabalhar com jovens descendentes de imigrantes ou com diferentes culturas; Competências ao nível da gestão e implementação de projectos; Cooperação a longo termo entre organizações; Possibilidade de cooperação dentro do programa Juventude em Acção. A Metodologia a seguir será de carácter prático: grupos de trabalho; apresentações; espaços informativos; trocas de experiências, discussões, etc. Os participantes terão a oportunidade de apresentar a sua vida profissional e background cultural. O Perfil de participante, deverá ser dada prioridade a líderes juvenis ou trabalhadores na área da juventude com o seguinte perfil:Voluntários ou empregados em organizações envolvidas com jovens imigrantes, grupos multiculturais e/ou com etnias diversas; Motivados para desenvolver projectos com países Programa e Países parceiros; Capacidade para comunicar em Inglês. As Condições de participação: Os custos com a viagem internacional são suportados pela Agência Nacional Portuguesa; Os custos de alojamento e alimentação são suportados pela entidade organizadora; O seguro de saúde e as deslocações em território nacional serão da responsabilidade dos participantes seleccionados; A Agência Nacional portuguesa suporta os custos de deslocação de avião entre as regiões autónomas dos Açores e Madeira e o Continente.
quinta-feira, 27 de março de 2008
Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo"
quinta-feira, 20 de março de 2008
Sharia - A lei islâmica em Portugal
A sala da Mesquita Central de Lisboa está fria e quase vazia. Não há juízes nem advogados, mas aqui costumam reunir-se "sábios" que deliberam, sobre questões familiares ou sociais, como se estivessem num tribunal. A sua lei não é civil, mas islâmica - a Sharia.
É nesta sala que nos recebe um afável e sorridente Xeque David Munir. Tentando dissipar dúvidas e medos, o imã (guia religioso) fala pausadamente enquanto acalma o seu telemóvel, que não pára de tocar. Começa logo por clarificar que a exigência de a mulher "ser submissa" ao homem "não passa de uma metáfora".
"O que é ser submissa? É o homem dizer "levanta-te!" e ela levantar-se? Ou ele dizer "senta-te!" e ela sentar-se? Isso não é submissão, é ser escrava. Não tem nada a ver com a Sharia", frisa David Munir. "O facto de em algumas sociedades a mulher ainda ser considerada inferior, não tem nada a ver com a Sharia, mas com a tradição e a cultura" dos países.
Do mesmo modo, o facto de haver maridos que proíbem as mulheres de exercerem profissões é incompreensível para o Xeque. "Já tivemos de decidir num caso em que uma jovem licenciada que queria ter o seu emprego e o marido, por ciúmes ou machismo, não autorizava, mas conseguimos que ele mudasse de ideias." David Munir admite, todavia, que se os homens "ganharem o suficiente, as mulheres podem - se consentirem - ficar em casa a tratar da família", porque o sustento não é obrigação delas. Outra recomendação que ele faz às mulheres é que "não gastem mais do que os maridos ganham", se elas não contribuírem para as despesas.
É também com a "necessidade de o homem sustentar a família" que David Munir justifica a norma da Sharia de que o homem "tem direito ao dobro da herança" se um parente morrer, "porque ele é obrigado a ajudar, e a mulher não". No entanto, quando se trata de partilhas, ressalva, "cabe à família decidir se quer um acordo segundo a lei islâmica ou os tribunais civis". Também pode haver testamentos com cláusulas específicas que não sigam o que a Sharia determina, adianta.
O poder do divórcio
Quanto a separações, o Xeque lembra-se de um caso em que um membro da comunidade se mostrava tão renitente em conceder o divórcio à mulher que os teólogos tiveram de tomar uma decisão "segundo a Sharia". O casamento era apenas religioso e a deliberação foi "a favor da esposa, que tinha o direito de refazer a sua vida, mesmo que o marido não aceitasse".Uma interpretação rígida da Sharia dá ao homem o direito unilateral de se divorciar, sem causa (basta dizer três vezes, no decurso de três meses, "eu divorcio-me de ti"), enquanto a mulher tem de alegar "razões fortes", como infertilidade, distúrbios mentais, doenças contagiosas ou não apoio financeiro por parte do marido para que o seu pedido seja aceite. Esta não é interpretação do Xeque de Lisboa, que esclarece: "De acordo com a Sharia, a mulher pode pedir o divórcio sem nenhuma razão acima mencionada - chama-se Khula." David Munir clarifica ainda o que até alguns muçulmanos desconhecem: que antes de um contrato de casamento, a mulher pode exigir "o poder do divórcio". Assim sendo, "é ela quem dá e é ele quem pede". A ignorância leva a que os pais dos noivos às vezes recusem esta opção, porque questionam a validade da sua existência.O imã aconselha "muita prudência" aos maridos que, num assomo de fúria, renegam as esposas três vezes (em três períodos), porque, uma vez declarado o divórcio, mesmo que depois se arrependam, terão de esperar que a sua mulher volte a casar-se com outro e se separe deste para voltar a unir-se a ela.
Os teólogos em Portugal, acrescenta o Xeque, aconselham sempre a que o casamento religioso islâmico (ainda não contemplado na lei portuguesa) seja em simultâneo com o civil. Obter a documentação necessária é, contudo, um processo moroso (sobretudo quando se é imigrante ilegal), e as pessoas vêm à mesquita "porque querem regularizar a sua situação familiar para não viverem em pecado".
Uma coisa é certa, embora alguns orientadores religiosos digam que o islão permite aos rapazes e raparigas casarem assim que cheguem à puberdade, 14-15 anos, na comunidade islâmica portuguesa - criada há precisamente 40 anos e agora com 40 mil membros - segue-se à risca a lei que exige autorização dos pais para quem quiser casar antes dos 18. "Não queremos que nos acusem de casar menores nas mesquitas", defende-se o Xeque."A Sharia não é uma lei bárbara e ultrapassada como alguns pensam. Trata todos como iguais. Não nos interessa agradar aos homens ou às mulheres, mas apenas fazer o que é justo de acordo com a lei", enfatiza o Xeque. Em situações de separação de um casal, "damos até três meses para ambos pensarem. Tentamos sempre obter o consentimento mútuo, mas quando não há essa possibilidade, o que ficou decidido está decidido. Se uma das partes não gostou, paciência."
Mas, perguntamos nós, e quando há violência doméstica, a mulher terá de suportar os abusos do marido até os teólogos concluírem que a solução é o divórcio? Responde David Munir: "O marido tem de sair de casa e ela fica. Se já não houver convivência pacífica, ele vai para a rua. E isto é Sharia! Ela não tem de suportar um marido violento." Bater ou repreender?O Xeque admite que no Corão se diz que "quando uma mulher é desobediente", o marido "pode repreendê-la", embora teólogos misóginos, com uma interpretação mais radical, considerem "ser legítimo bater depois de admoestar".
David Munir frisa: "O Profeta [Maomé] nunca levantou a mão a nenhuma das suas esposas, e até chamou a atenção de vários maridos para que não batessem nas suas mulheres. Se vivemos numa sociedade onde é comum os homens baterem nas mulheres, não podemos dizer que isso é islâmico. É usar o islão erradamente. Eu defendo que não se deve bater, que não se deve levantar a mão. E, se por acaso, numa disputa, numa azeda troca de palavras, o homem for violento, que de imediato peça desculpas. Mas se persistir, e a mulher já não o conseguir aturar, ela tem o direito de pedir o divórcio, e o divórcio ser-lhe-á dado. Se ela se justificar, com provas, ele será obrigado a divorciar-se.
"O imã reconhece que algumas mulheres preferem sofrer em silêncio do que denunciar os maus tratos a que são sujeitas pelos maridos. "Para a comunidade, estes são uns santos, pessoas exemplares, e elas temem não ser levadas a sério." O que faz o Xeque? "Eu tento encorajar as mulheres a pedirem ajuda a instituições que as protejam, a si e aos seus filhos, ou que me deixem falar directamente" com os abusadores.Tutela dos filhosJá aconteceu a David Munir ser, "surpreendentemente", chamado pela Comissão de Protecção de Menores, "porque envolveu até a polícia", para dar o seu parecer numa disputa de tutela de filhos por um casal.
Nestas situações, ele aconselha de acordo com a Sharia, mas a palavra final cabe aos tribunais civis - aliás, faz questão de sublinhar que todos os casamentos litigiosos são encaminhados por si e pelos seus colegas imãs para as instâncias do Estado. Eles só tratam de separações amigáveis, e assevera que nunca tiveram de decidir sobre quem tinha direito à custódia das crianças.Se ele tivesse de o fazer, não tem dúvidas de que avaliaria "o que seria melhor" para os filhos. "Há pessoas que dizem que os filhos, após um divórcio, pertencem ao pai, mas não é bem assim", explica. "Se a criança for menor, nos primeiros dois anos, fica com a mãe por causa do aleitamento."
"O que a natureza nos diz é que a criança precisa mais da mãe. O pai é obrigado a dar o sustento. A criança só tem de ficar com o pai se a mãe não tiver condições, físicas, mentais ou financeiras, de a criar. Há teólogos que defendem uma tutela conjunta. Até agora, nunca fomos solicitados a decidir em termos de tutela, mas houve casos em que a questão se colocou, por exemplo, se um pai que passa o tempo fora de casa está em condições de manter os filhos.
"Casos mais comuns que são submetidos à apreciação dos teólogos são os relacionados com dívidas. "Alguém vem à comunidade e queixa-se: "Aquele fulano, que vocês conhecem, deve-me dinheiro e não me paga." Então, chamamos a pessoa acusada, conversamos com ela, vemos como foi feito o contrato de empréstimo, se foi verbal ou por escrito, se passou ou não pelo notário, e as pessoas envolvidas acabam por aceitar as nossas decisões. É que o devedor, se não pagar, está a desrespeitar a sua crença, e fica numa situação desconfortável perante a comunidade."Conselhos sobre poligamia
Nota final: no site myciw.org (Comunidade Islâmica da Web), uma senhora apenas identificada como Patrícia pergunta: "Sou cristã e busco respostas sobre casamento muçulmano - direitos e deveres. Meu marido deseja converter-se em muçulmano. Uma das principais razões é o facto de desejar ter outra mulher, por sua vez muçulmana, que conhece há pouco tempo. Acontece que amo o meu marido e desejo a sua felicidade mas seu comportamento mudou comigo. Pretende que eu abdique do nosso quarto para estar com ela. Pretende que eu continue a trabalhar, enquanto ela fica em casa à espera dele. Até falou em arranjar empregada para ela não fazer nada em casa. Amo o meu marido mas sinto seu coração injusto. E se meu marido deseja ser muçulmano, eu só desejo conhecer a lei muçulmana para saber se ele está sendo correcto comigo ou não. Dentro de 15 dias essa mulher muçulmana chega a nossa casa."
O Xeque Munir vai lendo em voz alta a mensagem à sua frente, linha a linha, e começa a dar respostas, sabendo que a poligamia é permitida pelo islão mas proibida em Portugal (e também em países muçulmanos de regimes laicos como a Tunísia e a Turquia)."Se o homem for muçulmano, para casar com outra não pode dar a esta o quarto da primeira mulher", sentencia. "Já está a começar mal. Isto não é Sharia. Se uma das mulheres trabalhar, a outra tem de trabalhar. Isto é Sharia. Se ele arranjar empregada para uma, tem de arranjar para outra. Se ele já está a ser injusto, então não justifica ter outra mulher, porque vai manter a injustiça. O Alcorão diz: "Se tiver receio de não ser justo [com as suas mulheres, que podem ser quatro], fique só com uma.""Eu aconselharia esta senhora [Patrícia] a divorciar-se do marido, para ele casar com a outra. Vai custar, porque ela diz que gosta dele, mas é melhor ela sofrer durante seis meses ou um ano do que viver em permanente instabilidade.
sábado, 15 de março de 2008
Declínio tecnológico e científico na OCI
sexta-feira, 14 de março de 2008
Comunidade Muçulmana na RTP2
segunda-feira, 10 de março de 2008
11ª Cimeira da Organização da Conferência Islâmica (OCI)
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Fundo de acordo com a lei islâmica
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Sheik Munir na Maia
"É uma situação insustentável porque, desde então, os muçulmanos entram em paranóia cada vez que rebenta uma bomba no mundo, porque todos pensam que foram eles, mesmo que isso não seja verdade", afirmou.
O sheikh acrscentou que esta mudança de atitude face aos muçulmanos repete-se e muitas outras situações do quotidiano.
"Antigamente, se uma mulher muçulmana tapava o cabelo, era olhada com curiosidade, hoje em dia isso é encarado quase como uma provocação. Já as freiras católicas podem tapar o cabelo à vontade, sem despertar qualquer reacção", exemplificou David Munir.
O líder religioso falava durante uma conferência/debate promovida pelo Instituto Superior da Maia sob o tema "As religiões e a construção do futuro", em que participaram também o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, e Nuno Whanon Martins, especialista da religião judaica.
O sheikh Munir aproveitou a ocasião para procurar desfazer uma série de equívocos muito comuns que, no seu entender, distorcem a imagem do Islão.
"Por exemplo, os casamentos arranjados não são Islão, são tradição, se existem é porque fazem parte das culturas locais", afirmou, acrescentando que o Corão garante às mulheres a possibilidade de escolherem os seus maridos e vice-versa.
Sublinhou ainda que os casamentos arranjados são prática em muitas culturas e religiões e até ao século XIX e meados do século XX eram correntes na Europa.
"O mesmo acontece com o dote que as famílias das noivas dão aos noivos,o que acontece também em muitas outras religiões, incluindo a cristãs. Isso não faz parte do Islão, não há nada no Corão que o legitime. Dote não é Islão, é tradição", afirmou.
David Munir admitiu, porém, que o Islão não separa o poder político do religioso.
"No Islão há só um poder e uma lei, a Sharia (conjunto de leis religiosas islâmicas), mas não conheço nenhum país islâmico no mundo que a aplique a cem por cento", defendeu.
Relativamente à posição das mulheres na sociedade islâmica, o sheikh frisou que há muitas proibições em países islâmicos que nada têm a ver com a Sharia, mas sim com costumes locais.
"São exemplos disso, a proibição de conduzir na Arábia Saudita, que não existe em mais país islâmico nenhum, e o acesso a lugares de direcção política, que também não é vedado às mulheres, como se viu no Paquistão, com a senhora Benazir Bhutto, que foi primeira-ministra por duas vezes, num país islâmico".
Criticou também a ideia vigente de que o Islão é contrário ao trabalho das mulheres.
"Vejam o meu caso pessoal, a minha mulher é médica, trabalha e até ganha muito mais do que eu. É claro que isso não vai contra o Islão", garantiu.
Quanto ao acesso à religião islâmica, o sheikh garantiu que "qualquer um que o deseje pode entrar na religião islâmica e é bem-vindo".
Já para um muçulmano, convertido ou de origem, sair da religião as coisas são um pouco mais complicadas.
"Se as pessoas têm dúvidas e querem sair, há sempre toda a abertura para as esclarecer", sublinhou.
Mas se mesmo assim as dúvidas permanecerem, as pessoas são livres de sair, deixando de frequentar as mesquitas "desde que o façam com recato, de forma não ostensiva", mesmo em países islâmicos.
"O Corão diz que aqueles que rejeitarem o Islão terão que se enfrentar directamente com Deus. Os homens não têm poder para os julgar", assegurou.
No entanto, o sheikh admitiu que, embora o Corão não reconheça aos homens a faculdade de julgar os apóstatas, essa atitude é muitas vezes sancionada severamente pelas sociedades islâmicas no seu ordenamento jurídico, sempre e quando o abandono da fé seja assumido publicamente e de forma afrontosa.
PF.
Lusa/Fim